The Music Goes On – Don’t Stop It

Sim, estamos falando de Herbie Hancock. Pode continuar a ler o texto.

Em idos de 1.999, uma conexão de 256kbps era o ápice de velocidade para um mortal. Apenas a possibilidade de navegar por tempo ilimitado na Internet, sem se preocupar com a conta telefônica, era um argumento irrefutável para você investir o equivalente dos dias de hoje a uns R$ 200,00 mais uma taxa de provedor (sim, eles eram obrigatórios). E nesses tempos mais simples, surgiu uma idéia simples no seu conceito, mas que causou uma revolução no mundo como conhecemos: Napster.

Nessa época, não era muito fácil compartilhar música. Normalmente adotava-se o protocolo CPL-CDC: CD pra lá, CD pra cá. Shawn Fanning, o criador da ferramenta, tornou real o simples (pelo menos em conceito) a disponibilização fácil de toda a sua biblioteca musical através da Internet.  Raridades e até mesmo apócrifos musicais podiam estar facilmente em seus ouvidos, coisas como Gene Simons cantando God Of Thunder em uma bizarra, mas impagável, versão acústica Country.


KISS – God Of Thunder (unplugged) e C’mon And Love Me (unplugged)

Pois bem, nem todo mundo ficou feliz com essa estória de música livre: A RIAA e alguns artistas (mais especificamente o Metallica, pra quem não viveu a época) investiram pesado. De um lado do ringue o ideal de compartilhamento e do outro lado o mercado radiofônico. Valeu até um comercial com Lars Ulrich e o ator Marlon Wayans com a mensagem “Share is always fun when is not your stuff” (algo do tipo “Compartilhar é sempre divertido quando não são suas coisas”). Confira a seguir:


Lars Ulrich and Marlon Wayans – Anti Piracy ad.

Não sou contra os direitos autorais e nem um arqui-inimigo do Metallica, muito pelo contrário. Tudo isso serviu apenas de pretexto para dizer o quanto Herbie Hancock é cool. Proibir o MP3 é oldfashion. Dar uma música em avant-première pelo Twitter é hype. Radiohead e Coldplay já distribuíram gratuitamente álbuns em seus sites, mas estamos falando de um tiozinho de 70 anos! Isso sim é que é ser antenado!

Herbie Hancock teve coragem de misturar eletrônico, hip hop e Jazz. Fez um clipe totalmente nonsense evocando o lado eletrônico do cotidiano. E tudo isso em 1983!


Herbie Hancock – Rockit

E quando eu achava que o velhinho ia sossegar, eis que ele decide fazer um projeto, não só musical mas audiovisual, que inclui um documentário. The Imagine Project, um tributo a Joni Mitchell, reúne artistas do mundo todo através da música, uma linguagem sem fronteiras. Dentre os convidados estão Pink, Jeff Beck, Wayne Shorter e Chaka Khan, Seal e a brasileira Céu. O documentário tem na batuta o premiado Alex Gibney. Todas as gravações foram no país de origem dos seus parceiros na música.

A faixa que está sendo distribuída no Twitter (The Song Goes On) precisa ser ouvida por não mais do que um minuto para que você se apaixone: a primeira coisa que se ouve é o sax de Wayne Shorter, seguido pela cítara de Anoushka Shankar (meia-irmã de Norah Jones) harmonizando perfeitamente com o piano de Herbie Hancock. Entra então o poderoso vocal de Chaka Khan e… bom, isso é o máximo que dá pra expressar com palavras… precisa ser conferido. O álbum e documentário, autofinanciados, serão lançados dia 22 de junho.