2 anos sem Lemmy Kilmister

No dia 29/12 completará 2 anos que Lemmy foi fazer barulho com Phil Taylor no outro plano. Aliás, Phil se foi no dia 11/11, pouco mais de um mês antes do Lemmy.

Não sou fã do Motörhead desde criancinha, como muitos dizem por aí. Comecei a gostar da banda, de fato, em 2006 ou 2007, não me lembro bem.

Já havia visto a banda no Monsters of Rock em 1996, mas não tinha dado muita bola. A partir de 2006/2007 comecei a ir aos shows e escutar a todos os álbuns e músicas que conseguia ouvir. Mas como péssima fã que sou, não faça chamada oral por nome de músicas, ou álbuns e datas, que eu não vou conseguir listar mais que uma dezena. Sou péssima estudante e daqueles fãs que não lê uma porca linha de biografias ou histórias, eu escuto a música, curto e basta. Quando necessário vou ler algo e só. Confesso que poderia ter um repertório bem maior sobre música se lesse, mas sou preguiçosa.

Como eu dizia. Lá por volta de 2006/2007 comecei a escutar as músicas e ir aos shows virou rotina. Eles praticamente mantiveram uma periodicidade vindo de 2 em 2 anos – 2007/2009/2011. Mal sabia eu que esse show de 2011 seria a última vez que eu os veria ao vivo.

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Faltou o de 2011 porque não achei o vendedor dos adesivos

Eu achei que começou a dar merda quando eles quebraram essa sequência de visitas de 2 em 2 anos, porque eles vieram novamente em 2011 para o show do Rock in Rio. Pensei (sério mesmo!!): Pô, vocês quebraram a sequência!! Vai dar merda!

A merda começou quando em 2012 o Via Funchal fechou. Palco de todos esses shows que eu vi, que era o local que eles se apresentavam, e diga-se de passagem era perfeito. Daí em 2013 os problemas de saúde começaram a ficar mais evidentes e vir com maior frequência, tanto que tiveram abandonar o palco no Wacken. No início de 2015 se apresentariam no Monsters mas precisaram cancelar o show porque o Lemmy não estava bem. E a partir daí as coisas seguiram para o desfecho que todos sabemos.

Claro que isso é uma ‘paranóia’ minha, uma bobeira, uma maneira de justificar algo que aconteceria uma hora ou outra. O estilo de vida dele não ajudava muito, então com ou sem ‘maldição’, isso uma hora aconteceria. Acho que ele até conseguiu viver bastante com todos os excessos que ele cometia, e viveu MUITO bem.

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Algo que eu escutava muito quando eles anunciavam shows era: ‘Mas é sempre a mesma coisa! Você viu um show, viu todos’! – Sim, eles não mudavam muito o repertório. Normalmente incluíam músicas novas do álbum mais recente, mas o restante eram os clássicos de sempre. A lista de músicas conhecidas pelos fãs é imensa, o Motörhead tem muita música boa (salvo praqueles que só conhecem Ace of Spades), mesmo o March Ör Die é um álbum maravilhoso! A questão é que para os fãs não importava se os shows eram muito parecidos, o que importava era ver a banda tocando e sempre curtir o rock n’ roll cheio de atitude que o Motörhead tocava. Rock n’ Roll??? – Pensarão alguns – Sim, Rock n’ Roll, ou vocês nunca ouviram o próprio Lemmy dizer: ‘We are Motörhead and we play rock n’ roll.’

Aliás, ele tinha uma força no palco! Ele ficava imenso, apesar dos seus 1,78m, quando tocava o seu Rickenbacker de madeira, com aquele som característico, poderoso, que só ele tinha e só ele podia fazer.

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Perdi a única chance que tive de talvez tirar uma foto com ele, porque não deu certo de ir ao lugar que ele estaria. Não sei também se eu tivesse ido, se conseguiria tirar. Uma amiga que foi conseguiu e ela me disse que ele tinha cheiro de suor, misturado com cheiro de álcool e cigarros. Pra mim é cheiro de tio velho! Muitas vezes penso que foi melhor mesmo não ter ido, porque eu sou uma pessoa que tem uma memória olfativa muito forte e não sei se esse tipo de aroma traria uma lembrança boa, de um cheiro comum e meio nojento (não sei se ele sempre cheirava assim). Mas prefiro pensar que como Lemmy é Deus, não poderia cheirar como uma pessoa comum e ponto.

No ano em que ele faleceu, alguns dias antes, ele completou 70 anos. Seu aniversário foi em 24 de dezembro, dois dias antes do meu. A música Capricorn sempre me trouxe uma identificação porque também sou December’s child. Em 2015 a saúde dele já estava bem ruim e a figura dele já não lembrava muito aquele homem gigante do palco, mas ele parecia um senhorzinho frágil, havia emagrecido muito. Mas a história dele, todo o mito em torno de sua figura, não me possibilitava em minuto nenhum pensar que ele pudesse partir. Lemmy, caralho, você é imortal!!!!

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Mas como mencionado, ele completou 70 anos em 24/12/2015. Dois dias depois foi o meu e em uma festinha na minha casa, comentei com um amigo a vontade de ver a banda mais uma vez e acreditando mesmo nessa possibilidade (não me recordo o conteúdo da conversa), e esse amigo já não acreditava muito nessa possibilidade. Acho que aquele dia alguma energia maluca já pairava no ar, porque apesar de não terem aunciado nada, foi o dia que ele foi diagnosticado com um câncer terminal e o médico disse que ele teria mais uns 2 meses de vida. A vontade do Lemmy é que todos soubessem sobre o real estado de sua saúde.

Após o diagnóstico, irreversível, restava apenas que ele pudesse aproveitar esses últimos meses da melhor maneira possível. Em casa, ele recebia os cuidados de 2 enfermeiras que foram contratadas para assisti-lo, tinha a medicação necessária e a máquina que ele mais amava jogar no Rainbow.

Lemmy faleceu dois dias depois, em casa, após uma partida de seu jogo favorito. Deitou para descansar e não acordou mais.

Não houve tempo para avisar e a notícia caiu como uma bomba. A sensação é que era mais uma dessas notícias fakes que apareciam pela internet. O anúncio foi feito na página da banda na madrugada de 29/12 e logo mensagens começaram a pipocar pra mim, eram meus amigos me avisando pois eles sabiam o quanto eu gostava dele e da banda. Eu comecei a ler as mensagens e saí da cama em choque. O mundo da música estava em choque!

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Na mensagem que anunciava a morte do Lemmy, a banda pedia aos fãs para homenagearem ele ouvindo Motörhead bem alto, tomando alguns drinks e celebrando a vida, porque ele havia feito isso da melhor forma, até o último dia de sua vida.

A notícia soava como um fake pra mim até o dia de seu funeral. Transmitido ao vivo pelo canal da banda no YouTube, músicos e familiares contavam casos e causos sobre o músico e enalteciam a pessoa além da figura do palco. Diziam o quão amável, gentil, ele era, além de divertido e uma pessoa cheia de vida, foi impossível conter as lágrimas.

No final é que você se dá conta que aquilo realmente aconteceu, quando tocam o famoso Rickenbacker pela última vez e aquele som vai ecoando até encerrarem a transmissão. Acho que foi a primeira vez que chorei por alguém que eu nunca vi nada vida, mas que sentia tão próximo.

Lemmy foi para o outro plano pra encontrar antigos companheiros e outros músicos, mas deixou um legado que nunca será esquecido e nunca será substituído.

Lemmy foi único e sempre será!